terça-feira, 2 de maio de 2017

Filmes odiados pela crítica no lançamento que se tornaram clássicos

Críticos de cinema são geralmente pessoas que sabem comunicar suas opiniões mais claramente, mas eles não são perfeitos o tempo todo. Às vezes, o público não vai concordar com eles, e está tudo bem. Como mostram os dez filmes a seguir, há momentos em que uma produção não vira um clássico instantaneamente.

Algumas exigem um pouco mais de tempo para serem apreciadas. O lixo de hoje pode ser o clássico de amanhã.

Clube da Luta (1999)
Clube da Luta (1999) (Foto: Divulgação)
Não foi o filme mais criticado por aí, mas é isso que o torna interessante. Esse é o tipo de filme que você esperaria que as pessoas ou odiassem ou amassem - como Roger Ebert coloca em sua crítica de outubro de 1999: "’Clube da Luta’ é um ‘passeio’ emocionante mascarado como filosofia - o tipo de passeio onde algumas pessoas vomitam e outros mal podem esperar para ir de novo”. O New York Daily News chamou o filme de "pouco  inovador", o Miami Herald se referiu a ele como "um fracasso", e o Boston Globe disse que sua "acusação chique de vazio materialista valoriza o fiasco". É interessante que, quando os críticos não gostavam do filme, era porque eles ficaram entediados assistindo.

Godzilla (1954)
Godzilla (1954) (Foto: Divulgação)
Não é difícil imaginar um filme sobre um lagarto nuclear gigante recebendo comentários ruins se fosse lançado hoje em dia. Mas para 1954 era um conceito bastante inovador. Ele pode não ser o primeiro de sua espécie, mas Godzilla é certamente o Mickey Mouse dos monstros gigantescos que odeiam a cidade. Houve uma razão muito específica para que os críticos dessem ao filme tantas notas ruins quando foi lançado pela primeira vez no Japão. Fazia menos de dez anos desde que o país tinha sido atacado em Hiroshima e Nagasaki, e agora eles tinham um filme sobre um monstro ridículo gigante que resultou de testes nucleares. Isso gerou um mal estar enorme. No dia 1º de março do mesmo ano em que o filme foi lançado, um barco de pesca de atum japonês foi exposto a choques nucleares do teste americano em Bikini Atoll - resultando no que se pensava ser a primeira morte por uma bomba de hidrogênio.

Os Fantasmas Contra Atacam (1988)
Os Fantasmas Contra Atacam (1988) (Foto: Divulgação)
Outro filme que provavelmente está em cima do muro quando se trata de defini-lo como um "clássico" é ‘Os Fantasmas Contra Atacam’. E Bill Murray interpreta um grande idiota. É engraçado o quão simpático ele é não importa quão desagradável ele deveria ser.
Apesar disso, os críticos odiaram. A Variety chamou o filme de uma "comédia terrivelmente sem graça", o USA Today disse que era uma "bagunça monumental", e o Los Angeles Times achou "tão engraçado quanto um assalto". Talvez eles esperavam que fosse uma verdadeira adaptação de ‘A Christmas Carol’. Se fosse esse o caso, é fácil imaginar por que os críticos odiaram.

A Estranha Passageira (1942)
A Estranha Passageira (1942) (Foto: Divulgação)
Às vezes é difícil dizer se um velho filme preto e branco é realmente bom ou somente supervalorizado. Dito isto - ‘A Estranha Passageira’ não é considerado um filme ruim hoje em dia e tem contribuído muito para o gênero romance. No entanto, é fácil ver como o passar do tempo ajudou nisso. Em primeiro lugar, é um gênero que nem todo mundo gosta, e em segundo lugar, é meloso demais. É por isso que em 1942 o New York Times publicou que “‘A Estranha Passageira’, seja por causa do escritório de Hays ou sua própria lógica espúria, complica um tema essencialmente simples. Apesar de toda a sua aflição emocional, ela não consegue resolver seus problemas com a mesma sinceridade com que faz de conta. Na verdade, um pouco mais de verdade teria tornado o filme muito mais curto". Não, não é exatamente uma declaração de ódio - e o filme conseguiu algumas indicações naquele ano - mas também não pareceu deslumbrar ninguém e nem foi sucesso de público.

O Predador (1987)
O Predador (1987) (Foto: Divulgação)
"Arnold Schwarzenegger luta contra um monstro do espaço em uma selva do terceiro mundo. O monstro nunca vence. Nem a selva. Nem o público". Essa foi a crítica publicada no Christian Science Monitor. E embora seja verdade que um filme sobre um bando de homens fortes pisoteando um ambiente selvagem intocado com armas e munição não torna o filme algo filosófico, e nem deveria. O New York Times o chamou de "alternadamente terrível e maçante, com poucas surpresas", mas não havia realmente um ponto no filme em que as surpresas fossem o foco principal. É verdade que a nostalgia pode ser um fator importante na popularidade deste filme atualmente - mas parece que a maioria dos críticos simplesmente perdeu o panorama geral. Era sobre o predador, e como ele era doce - nada mais e nada menos.

Medo e Delírio (1998)
Medo e Delírio (1998) (Foto: Divulgação)
O trabalho de Terry Gilliam nunca foi celebrado, o que é consideravelmente surpreendente quando você pensa sobre como ele é incrível. Não há uma pessoa neste planeta que não goste de pelo menos um de seus filmes. Se não é ‘Medo e Delírio’, com certeza é ‘O Mundo Imaginário do Doutor Parnassus’ ou ‘Os 12 Macacos’. E, no entanto, um filme como Medo e Delírio, que só pode ser descrito como uma celebração do bizarro, foi massacrado pela crítica. O San Francisco Chronicle o chamou de "Decepcionante, inútil e repetitivo". A Variety disse que era "difícil imaginar qualquer segmento do público gostando desse filme desajeitado e sem graça”. Roger Ebert pensou que era um "filme de uma piada, se tivesse uma piada". E o Washington Post? Eles compararam assistir a este filme a "ser forçado a ouvir uma música ruim de heavy metal se transformar em 11, enquanto gordinhos de bermudas competem em um concurso de vômito”.

O Iluminado (1980)
O Iluminado (1980) (Foto: Divulgação)
Kubrick é bom em fazer filmes que todo mundo não gosta, aí as pessoas percebem que eram estúpidas por não gostar dele, e depois fingem ter gostado desde o início. Por exemplo - Roger Ebert deu ao filme uma crítica ruim, só para falar bem sobre ele mais tarde. A Variety considerou o filme como uma destruição de tudo o que fez o livro de Stephen King aterrorizante, e disse que Shelley Duvall "transforma a esposa simpática e calorosa do livro em uma mulher histérica e semi-retardada". Na verdade - Shelley foi indicada para um Framboesa de Ouro como pior atriz, juntamente com Kubrick como pior diretor. O filme foi provavelmente a pior adaptação quando você pensa no livro, e por "pior", queremos dizer menos leal. Jack nem sequer tem um machado no livro, mas sim um bastão. Mas imagina se Kubrick tivesse mantido isso? Tom e Jerry usam bastões - ou seja, não funciona para aterrorizar.

O 3º Homem (1949)
O 3º Homem (1949) (Foto: Divulgação)
O filme foi muito bem nos Estados Unidos e no Reino Unido, mas o que é interessante é onde que o filme fracassou: na Áustria, o país em que se passava a história. Naquele país, especificamente na cidade de Viena onde o filme acontece, os críticos ficaram pouco entusiasmados com o filme. Não é difícil imaginar por que. O longa foi lançado não muito depois da Segunda Guerra Mundial, tema do filme. Basicamente, os críticos e a audiência da cidade entraram no cinema para escapar da escuridão na qual estava a sua cidade destruída e acabaram vendo nas telas a mesma maldita escuridão. É claro que odiaram o filme. Como disse William Cook, do The Guardian, "... eles fizeram um drama estrangeiro sombrio, filmado pelos aliados vitoriosos nas ruínas de sua cidade natal. ‘Uma cidade temerosa de seu presente, incerta do seu futuro’, declarou o trailer, mas não era tão emocionante se você realmente tivesse que morar lá".

Psicose (1960)
Psicose (1960) (Foto: Divulgação)
Os comentários sobre este filme não foram todos terríveis, mas bastante polarizados, o que mostra que mesmo se um filme é considerado “mais ou menos” em um nível técnico e artístico, em última análise, se é amado pelo público, então não pode ser considerado ruim. O público amou o filme apesar da recepção morna dos críticos, e no final é isso que importa. Na época, porém - o filme foi considerado "claramente um filme superficial", e até mesmo uma "mancha em uma carreira honorável". Uma crítica do New York Times disse que não tinha "abundância de sutileza" e era "obviamente trabalho de baixo orçamento". Ninguém odiava - mas ninguém pensava que fosse algo tão especial também. Certamente eles estavam errados sobre isso.

Mensageiro do Diabo (1955)
Mensageiro do Diabo (1955) (Foto: Divulgação)
Nenhum outro filme é conhecido por ser tão grande e ter uma recepção tão ruim como ‘Mensageiro do Diabo’. O filme é agora exibido para cada aluno de faculdades de Cinema pelo mundo e é elogiado como uma obra-prima de horror. A verdade é que o filme realmente é bom - foi simplesmente feito na era errada, como explicado por Preston Neal Jones em seu livro “Heaven and Hell to Play With: The Filming of The Night of the Hunter”: "A crítica de Dorothy Manners no Los Angeles Examiner começou afirmando que ‘Se foi a intenção de Charles Laughton assustar os espectadores de ‘Mensageiro do Diabo’, ele conseguiu. Raramente uma produção inteira sustenta o sentimento de pesadelo, de terror, como faz essa adaptação do romance simbólico de David Grubb’. No entanto, muitas pessoas não pagaram pela chance de ter seus cabelos levantados em 1955". Isso realmente diz tudo. O filme foi massacrado pelos críticos e ignorado pelo público. O resultado foi o diretor Charles Laughton nunca mais dirigir outro filme.

Fonte: 1

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